Se você trabalha com marketing e ainda não ouviu falar de Labubu, talvez valha a pena pausar o que está fazendo e prestar atenção nesse case que, à primeira vista, parece só “fofice da internet”, mas que esconde lições poderosas sobre comportamento, desejo, branding e cultura.
Labubu é uma criatura peculiar: um boneco com cara de travessura, dentes afiados e orelhas de coelho. Criado pelo ilustrador Kasing Lung e lançado pela Pop Mart, ele virou um fenômeno global quase da noite para o dia.
O valor não está no produto. Está na experiência.
A Pop Mart não vende apenas um boneco. Ela entrega uma blind box: uma caixinha surpresa com chances de vir um personagem raro. O consumidor não está comprando um item. Está comprando a possibilidade, o suspense, a experiência emocional do “e se?”
E isso muda tudo.
Em um mercado saturado de anúncios, algoritmos e fórmulas prontas, o Labubu quebra o jogo ao devolver ao consumidor um senso de participação. Comprar deixa de ser transação e vira uma mini jornada de sorte, frustração, euforia e pertencimento.
Isso é marketing emocional em estado bruto.
Desejo não se compra. Se constrói.
O boom do Labubu só foi possível porque nasceu da autenticidade.
Hoje, o público sabe que a maioria dos posts são patrocinados — e isso não é um problema. O problema é quando parece forçado.
Aqui, a lição é simples: influência sem intenção vira ruído.
Mas quando a narrativa é verdadeira, o produto quase se vende sozinho.
O rebento do “kidulting” e o escapismo adulto
Esse fenômeno não está sozinho. Ele se encaixa em um movimento cultural maior: o kidulting, onde adultos se reconectam com brinquedos e referências infantis como forma de autocuidado, nostalgia e até terapia informal.
Em um cenário onde o burnout é a nova pandemia e a incerteza virou rotina, produtos como o Labubu oferecem um tipo raro de recompensa: conforto simbólico.
Brincar não é mais coisa de criança.
É um jeito de aguentar o mundo.
O que o Labubu ensina para quem trabalha com conteúdo e marca?
O produto pode ser simples. A história, nunca.
Um chaveiro com storytelling certo vale mais do que muita campanha com verba alta.
O público quer conexão antes da conversão.
Marcas que criam afeto vencem o algoritmo no longo prazo.
A escassez real (e simbólica) ativa o desejo.
A experiência da blind box ensina mais sobre engajamento do que muitos relatórios.
Tendência não é só o que está na moda — é o que toca uma necessidade.
E o desejo de pertencimento é atemporal.
Conclusão
Labubu pode parecer só mais uma febre da internet.
Mas pra quem trabalha com branding, estratégia e comportamento… ele é um case de cultura digital disfarçado de brinquedo fofo.
Ele mostra como o afeto virou capital.
Como o estranho virou identidade.
E como o lúdico — quando bem orquestrado — move multidões.
No fim, Labubu não é só um boneco.
É um lembrete de que as marcas mais fortes de hoje são aquelas que conseguem fazer você sentir algo.