Flávia Malaquias Postado Terça-feira às 15:57 Postado Terça-feira às 15:57 Se você trabalha com marketing e ainda não ouviu falar de Labubu, talvez valha a pena pausar o que está fazendo e prestar atenção nesse case que, à primeira vista, parece só “fofice da internet”, mas que esconde lições poderosas sobre comportamento, desejo, branding e cultura. Labubu é uma criatura peculiar: um boneco com cara de travessura, dentes afiados e orelhas de coelho. Criado pelo ilustrador Kasing Lung e lançado pela Pop Mart, ele virou um fenômeno global quase da noite para o dia. O valor não está no produto. Está na experiência. A Pop Mart não vende apenas um boneco. Ela entrega uma blind box: uma caixinha surpresa com chances de vir um personagem raro. O consumidor não está comprando um item. Está comprando a possibilidade, o suspense, a experiência emocional do “e se?” E isso muda tudo. Em um mercado saturado de anúncios, algoritmos e fórmulas prontas, o Labubu quebra o jogo ao devolver ao consumidor um senso de participação. Comprar deixa de ser transação e vira uma mini jornada de sorte, frustração, euforia e pertencimento. Isso é marketing emocional em estado bruto. Desejo não se compra. Se constrói. O boom do Labubu só foi possível porque nasceu da autenticidade. Hoje, o público sabe que a maioria dos posts são patrocinados — e isso não é um problema. O problema é quando parece forçado. Aqui, a lição é simples: influência sem intenção vira ruído. Mas quando a narrativa é verdadeira, o produto quase se vende sozinho. O rebento do “kidulting” e o escapismo adulto Esse fenômeno não está sozinho. Ele se encaixa em um movimento cultural maior: o kidulting, onde adultos se reconectam com brinquedos e referências infantis como forma de autocuidado, nostalgia e até terapia informal. Em um cenário onde o burnout é a nova pandemia e a incerteza virou rotina, produtos como o Labubu oferecem um tipo raro de recompensa: conforto simbólico. Brincar não é mais coisa de criança. É um jeito de aguentar o mundo. O que o Labubu ensina para quem trabalha com conteúdo e marca? O produto pode ser simples. A história, nunca. Um chaveiro com storytelling certo vale mais do que muita campanha com verba alta. O público quer conexão antes da conversão. Marcas que criam afeto vencem o algoritmo no longo prazo. A escassez real (e simbólica) ativa o desejo. A experiência da blind box ensina mais sobre engajamento do que muitos relatórios. Tendência não é só o que está na moda — é o que toca uma necessidade. E o desejo de pertencimento é atemporal. Conclusão Labubu pode parecer só mais uma febre da internet. Mas pra quem trabalha com branding, estratégia e comportamento… ele é um case de cultura digital disfarçado de brinquedo fofo. Ele mostra como o afeto virou capital. Como o estranho virou identidade. E como o lúdico — quando bem orquestrado — move multidões. No fim, Labubu não é só um boneco. É um lembrete de que as marcas mais fortes de hoje são aquelas que conseguem fazer você sentir algo. 3
Dani Olgas Postado 7 horas atrás Postado 7 horas atrás On 20/05/2025 at 12:57, Flávia Malaquias disse: Se você trabalha com marketing e ainda não ouviu falar de Labubu, talvez valha a pena pausar o que está fazendo e prestar atenção nesse case que, à primeira vista, parece só “fofice da internet”, mas que esconde lições poderosas sobre comportamento, desejo, branding e cultura. Labubu é uma criatura peculiar: um boneco com cara de travessura, dentes afiados e orelhas de coelho. Criado pelo ilustrador Kasing Lung e lançado pela Pop Mart, ele virou um fenômeno global quase da noite para o dia. O valor não está no produto. Está na experiência. A Pop Mart não vende apenas um boneco. Ela entrega uma blind box: uma caixinha surpresa com chances de vir um personagem raro. O consumidor não está comprando um item. Está comprando a possibilidade, o suspense, a experiência emocional do “e se?” E isso muda tudo. Em um mercado saturado de anúncios, algoritmos e fórmulas prontas, o Labubu quebra o jogo ao devolver ao consumidor um senso de participação. Comprar deixa de ser transação e vira uma mini jornada de sorte, frustração, euforia e pertencimento. Isso é marketing emocional em estado bruto. Desejo não se compra. Se constrói. O boom do Labubu só foi possível porque nasceu da autenticidade. Hoje, o público sabe que a maioria dos posts são patrocinados — e isso não é um problema. O problema é quando parece forçado. Aqui, a lição é simples: influência sem intenção vira ruído. Mas quando a narrativa é verdadeira, o produto quase se vende sozinho. O rebento do “kidulting” e o escapismo adulto Esse fenômeno não está sozinho. Ele se encaixa em um movimento cultural maior: o kidulting, onde adultos se reconectam com brinquedos e referências infantis como forma de autocuidado, nostalgia e até terapia informal. Em um cenário onde o burnout é a nova pandemia e a incerteza virou rotina, produtos como o Labubu oferecem um tipo raro de recompensa: conforto simbólico. Brincar não é mais coisa de criança. É um jeito de aguentar o mundo. O que o Labubu ensina para quem trabalha com conteúdo e marca? O produto pode ser simples. A história, nunca. Um chaveiro com storytelling certo vale mais do que muita campanha com verba alta. O público quer conexão antes da conversão. Marcas que criam afeto vencem o algoritmo no longo prazo. A escassez real (e simbólica) ativa o desejo. A experiência da blind box ensina mais sobre engajamento do que muitos relatórios. Tendência não é só o que está na moda — é o que toca uma necessidade. E o desejo de pertencimento é atemporal. Conclusão Labubu pode parecer só mais uma febre da internet. Mas pra quem trabalha com branding, estratégia e comportamento… ele é um case de cultura digital disfarçado de brinquedo fofo. Ele mostra como o afeto virou capital. Como o estranho virou identidade. E como o lúdico — quando bem orquestrado — move multidões. No fim, Labubu não é só um boneco. É um lembrete de que as marcas mais fortes de hoje são aquelas que conseguem fazer você sentir algo. Olá Flávia, muito bom o que compartilhou. Já vi várias mulheres com ele pendurado em bolsas de luxo. Realmente um ótimo exemplo de marketing e construção de desejo.
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