Flávia Malaquias Postado 4 horas atrás Postado 4 horas atrás Se vocĂŞ trabalha com marketing e ainda nĂŁo ouviu falar de Labubu, talvez valha a pena pausar o que está fazendo e prestar atenção nesse case que, Ă primeira vista, parece sĂł “fofice da internet”, mas que esconde lições poderosas sobre comportamento, desejo, branding e cultura. Labubu Ă© uma criatura peculiar: um boneco com cara de travessura, dentes afiados e orelhas de coelho. Criado pelo ilustrador Kasing Lung e lançado pela Pop Mart, ele virou um fenĂ´meno global quase da noite para o dia. O valor nĂŁo está no produto. Está na experiĂŞncia. A Pop Mart nĂŁo vende apenas um boneco. Ela entrega uma blind box: uma caixinha surpresa com chances de vir um personagem raro. O consumidor nĂŁo está comprando um item. Está comprando a possibilidade, o suspense, a experiĂŞncia emocional do “e se?” E isso muda tudo. Em um mercado saturado de anĂşncios, algoritmos e fĂłrmulas prontas, o Labubu quebra o jogo ao devolver ao consumidor um senso de participação. Comprar deixa de ser transação e vira uma mini jornada de sorte, frustração, euforia e pertencimento. Isso Ă© marketing emocional em estado bruto. Desejo nĂŁo se compra. Se constrĂłi. O boom do Labubu sĂł foi possĂvel porque nasceu da autenticidade. Hoje, o pĂşblico sabe que a maioria dos posts sĂŁo patrocinados — e isso nĂŁo Ă© um problema. O problema Ă© quando parece forçado. Aqui, a lição Ă© simples: influĂŞncia sem intenção vira ruĂdo. Mas quando a narrativa Ă© verdadeira, o produto quase se vende sozinho. O rebento do “kidulting” e o escapismo adulto Esse fenĂ´meno nĂŁo está sozinho. Ele se encaixa em um movimento cultural maior: o kidulting, onde adultos se reconectam com brinquedos e referĂŞncias infantis como forma de autocuidado, nostalgia e atĂ© terapia informal. Em um cenário onde o burnout Ă© a nova pandemia e a incerteza virou rotina, produtos como o Labubu oferecem um tipo raro de recompensa: conforto simbĂłlico. Brincar nĂŁo Ă© mais coisa de criança. É um jeito de aguentar o mundo. O que o Labubu ensina para quem trabalha com conteĂşdo e marca? O produto pode ser simples. A histĂłria, nunca. Um chaveiro com storytelling certo vale mais do que muita campanha com verba alta. O pĂşblico quer conexĂŁo antes da conversĂŁo. Marcas que criam afeto vencem o algoritmo no longo prazo. A escassez real (e simbĂłlica) ativa o desejo. A experiĂŞncia da blind box ensina mais sobre engajamento do que muitos relatĂłrios. TendĂŞncia nĂŁo Ă© sĂł o que está na moda — Ă© o que toca uma necessidade. E o desejo de pertencimento Ă© atemporal. ConclusĂŁo Labubu pode parecer sĂł mais uma febre da internet. Mas pra quem trabalha com branding, estratĂ©gia e comportamento… ele Ă© um case de cultura digital disfarçado de brinquedo fofo. Ele mostra como o afeto virou capital. Como o estranho virou identidade. E como o lĂşdico — quando bem orquestrado — move multidões. No fim, Labubu nĂŁo Ă© sĂł um boneco. É um lembrete de que as marcas mais fortes de hoje sĂŁo aquelas que conseguem fazer vocĂŞ sentir algo. 1
Recommended Posts